A jornalista Isabelle Araujo, do jornal da cidade, fez uma pauta interessante com o atacante Fabinho, do Sergipe, no tocante ao seu projeto social. Confira!
Frequentar a escola todas as manhãs e praticar capoeira ou futebol três vezes por semana. Essa é a rotina do jovem Tarcisio Augusto, de 13 anos, e também de quase 50 crianças e adolescentes que integram o projeto Argola de Ouro. O projeto, que leva capoeira, futebol, teatro e música para os jovens do bairro Santos Dumont, tem à frente o jogador de futebol Fábio Almeida de Jesus, o Fabinho, que atualmente atua como atacante no Club Sportivo Sergipe.
Criado no bairro, o jogador acumula suas funções dentro de campo e também fora dele, coordenando o projeto. “Meu pai sempre procurou fazer escolinhas na comunidade para tentar salvar alguns meninos, que têm muita dificuldade aqui na periferia. E eu tive essa influência dele, que sempre quis ajudar. Pude me destacar também na escolinha dele e segui a carreira de jogador de futebol. Hoje também posso fazer um pouco do que ele fez para esses meninos”, falou Fabinho, de 22 anos.
A idéia do projeto esportivo-cultural surgiu justamente por ter sido criado no bairro, que tem muitos meninos precisando de um incentivo por meio do esporte. “Eles precisam disso para que possam não só ganhar uma esperança, uma motivação para ser alguém na vida, mas também criar alguns valores. Desejo que a gente crie homens capacitados para o mundo do trabalho”, declara.
O nome do projeto Argola de Ouro foi uma homenagem à academia de capoeira que seu pai, Mestre Inocêncio, já teve. Ele conta entusiasmado que espera que o projeto ajude muito toda a garotada do bairro com as atividades de capoeira, futebol, teatro e música. “Procuramos dar uma opção de lazer e de esporte a essas crianças para que possam crescer com alguma coisa em mente, para ser alguém na vida, sem estar nas ruas vagando. Já tem um ano que estamos com o projeto e buscando melhorias, novidades, criando novas opções de recreação para eles”, contou.
O projeto, segundo ele, tem tudo para crescer. Tem uma base de 50 meninos, na faixa etária dos 8 aos 17 anos, mas ainda conta com pouco recurso. No entanto, espera expandir e melhorar para levar o projeto adiante. Ele comentou que tinham algumas meninas participando no início, mas que saíram. Mesmo assim, ele espera que possa receber jovens independente do sexo.
Categorias
A divisão dos meninos é feita em categorias por faixa etária. As aulas funcionam numa casa que é considerada pelo jogador como um clube, onde dão condições dos garotos brincarem também. Os treinos são realizados às segunda, quarta e sexta-feira. O futebol é jogado no campo da praça do Santos Dumont. “Lá, tem um espaço bom para jogar e fica bem localizada para todos aqui, o que facilita muito”, comentou o jogador.
Dois professores fazem parte do projeto. O irmão de Fabinho, Marcelo, e seu pai, Inocêncio. Fabinho, inclusive, espera trazer um profissional do futebol para auxiliar nas aulas. Quando tem uma folga nos treinos do Sergipe também consegue incentivar os garotos. “Às vezes, até faço um treino com eles e dou uma palavra do que eu passei para eles, para que possam superar as dificuldades”, prosseguiu.
Estudos
O projeto também incentiva que os meninos levem os deveres e testes da escola para que os professores avaliem. “A gente faz isso porque prefere aquele menino que sempre tira notas boas no colégio. Sempre cobramos deles para estudar, pois é fundamental. É um bairro carente, mas os pais apóiam a vinda deles, por ser uma opção boa, por eles não estarem na rua. E os que podem ajudam da melhor maneira possível”, disse Fabinho, que sempre que pode conversa com os pais também. E completa: “espero ter sempre essa colaboração dos pais para que facilite nosso trabalho. Sinto orgulho e prazer em fazer isso, pois já passei por isso também e espero que eles tenham uma condição melhor do que a que eu tive”.
O atacante procura conciliar as horas vagas e fazer as coisas que gosta, como estar na comunidade vendo o crescimento da juventude. “Me sinto bem, é onde eu cresci e espero estar sempre com eles. No futuro, tenho o projeto de expandir, fazer um clube social, que ajude as pessoas do bairro, ter um projeto que possamos dar mesmo o que essas pessoas precisam”, complementou.
Carreira profissional de Fabinho
Tanto esforço e dedicação de Fabinho tem uma explicação: a difícil vida que passou para poder chegar onde está. O seu início de carreira no futebol foi aos nove anos de idade na categoria de base do Cotinguiba, onde ficou até os 14. Depois, foi transferido para o futebol baiano e integrou a equipe do Catuense (BA), chegando a se profissionalizar com 17 anos. “Logo no meu primeiro campeonato fui o vice-artilheiro do Campeonato Baiano e com 18 anos fui vendido para o futebol paulista. Fui para o Votoraty (SP), onde também fui vice-artilheiro do campeonato”, recordou.
Outros times também fazem parte de sua trajetória, como o Lemense (SP), Guarany de Campinas (SP) e Oeste Paulista (SP). “Voltando a jogar em minha terra, tive uma passagem pelo Itabaiana, pelo Confiança e agora estou emprestado para o Sergipe. Minha participação no futebol sergipano tem uma passagem muito boa, quando joguei no Itabaiana pela Copa do Brasil e também quando recebi a proposta de disputar a Série C pelo Confiança, onde pude fazer uma boa campanha, a torcida me recebeu de braços abertos”, comentou.
Para ele, o futebol sergipano vem crescendo muito nos últimos anos. Agora está feliz vestindo a camisa do Sergipe e servindo de espelho para os meninos do seu bairro, em especial os que participam do projeto. “Espero também fazer história no futebol sergipano”, finalizou.