Todo mundo sabe que nosso foco é o futebol sergipano, mas o texto abaixo é bem interressante e mostra a disparidade financeira entre série A e série C.
Um estudo produzido pela empresa de auditoria especializada em clubes de futebol Casual Auditores Independentes analisou o balanço financeiro dos principais times brasileiros em 2007. O São Paulo foi o clube com a maior receita total, R$ 190,1 milhões. Em seguida aparece o Internacional, com o resultado de R$ 155,9 milhões e em terceiro na lista dos clubes que mais arrecadaram no ano passado figura o Corinthians, com a marca de R$ 134,6 milhões. Os três também tiveram a maior receita total em 2006.
Segundo a pesquisa, o Flamengo foi o clube que fechou 2007 com o pior déficit acumulado dos últimos anos, com cerca de R$ 242,4 milhões. O Atlético Mineiro é o segundo maior devedor, com R$ 214,4 milhões. O Botafogo aparece em seguida, com uma dívida acumulada de R$ 209,7 milhões. No total, os 21 clubes analisados clubes (todos com receitas totais superiores a R$ 11 milhões no ano passado) apresentam dívidas acumuladas que ultrapassam R$ 1,2 bilhão. Apenas cinco deles encerraram 2007 sem déficits acumulados: Atlético Paranaense, Juventude, Santos, São Paulo e Barueri.
De acordo com Carlos Aragaki, sócio da empresa de auditoria, os déficits dos clubes se devem à adesão à Timemania, loteria que repassará parte das verbas arrecadadas aos clubes, mas que exige ajustes financeiros nas contas das entidades esportivas, há tempos defasadas. Segundo o estudo, 41% das dívidas dos clubes analisados se referem ao valor passível de parcelamento pela loteria esportiva, um montante de aproximadamente R$ 1,1 bilhão.
O levantamento mostra que os 21 clubes analisados geraram uma receita de R$ 1,3 bilhão em 2007, a maior marca já registrada pelo futebol brasileiro. O montante é 36% superior ao valor de 2006. Segundo o estudo, o principal motivo para esse aumento nas receitas foi o incremento dos recursos gerados pelos clubes com a venda de jogadores, com o aumento na arrecadação com os sócios e com a venda de ingressos.
Já em relação ao patrimônio líquido, os 21 clubes têm um montante acumulado de R$ 605,8 milhões. São Paulo, com R$ 222,5 milhões, Atlético Paranaense, com R$ 145,2 milhões, e Palmeiras, com R$ 78,1 milhões, são os clubes com maiores patrimônios líquidos. Botafogo (menos R$ 169,8 milhões), Vitória (menos R$ 75,6 milhões) e Flamengo (menos R$ 44,8 milhões) são os três piores.
Depois do faturamento com a venda de jogadores, a segunda maior fonte de recursos dos clubes são as cotas pagas pelas TVs, que equivalem a 22% do R$ 1,4 bilhão da receita total registrada em 2007. Patrocínio e publicidade e arrecadação do clube social e do esporte amador, somados, também representam 22% da receita total do ano passado.
Para Amir Somoggi, especialista em marketing e gestão de clubes de futebol da Casual Auditores Independentes, o estudo mostra que as entidades permanecem muito dependentes de poucas fontes de receitas para desenvolver os negócios. “A dependência extrema das transferências dos atletas para o exterior, cotas de TV e contratos de patrocínio e publicidade, que representaram 67% de todos os recursos gerados pelos clubes analisados, não são suficientes para manter um equilíbrio financeiro na gestão das entidades”, acredita.
De acordo com Somoggi, o mercado brasileiro de futebol deve buscar novas alternativas de receitas por meio de projetos de marketing voltados ao relacionamento com os torcedores, ações de ativação de patrocínio com seus parceiros e geração de novas fontes de receita com a utilização de novas plataformas tecnológicas.
O mercado da venda de jogadores brasileiros dos 21 clubes analisados para o exterior movimentou cerca de R$ 450 milhões no ano passado, aproximadamente US$ 240 milhões. No entanto, o estudo aponta que o valor pode chegar a US$ 300, se considerado todos os times brasileiros. Com isso, a pesquisa destaca que o valor é superior, por exemplo, “a itens tradicionais da pauta de exportação do Brasil como cacau, castanha de caju, melão, laranja, chocolate, ônibus, motocicletas, computadores (...), segundo dados publicados pelo Ministério do Desenvolvimento". O São Paulo foi o time que mais lucrou com essas negociações no ano passado. Com a venda dos seus atletas, foram R$ 114 milhões recebidos. O segundo clube que mais lucrou com a venda de jogadores foi o Flamengo, que ocupa o quinto lugar no ranking das maiores receitas totais de 2007. O clube faturou R$ 80,3 milhões com as negociações. Se essas transações não acontecessem, por exemplo, o clube fecharia o ano com déficit de R$ 68,5 milhões.
Fonte: blog de eduardo abril