Entrevista com Fernando Pereira - Comentarista Esportivo

O blogão fez questão de convidar para a primeira entrevista, aquele que opina sem preocupação de agradar A ou B e faz do seu amor ao futebol, um estilo de vida.


1- Você acredita no futebol sergipano?
F.P. - Acredito, porém sou realista no que concerne à nossa estrutura e às dificuldades que enfrentamos por sermos de um pequeno estado da federação.

2 - O que é necessário acontecer para que tenhamos um futebol sergipano melhor?
F.P. - Para melhorar não apenas o nosso futebol, mas, o futebol nordestino com um todo, só com o apoio dos grandes empresários como ocorre em todo o mundo. Lá fora eles consideram a despesa com o esporte como um investimento. Aqui no Nordeste na contabilidade dos empresários, é considerada despesa com propaganda.

3 - Por que nossos dirigentes reclamam, reclamam, mais não deixam à presidência ou diretorias dos clubes?
F.P. – Primeiro, para ser dirigente de um clube de futebol profissional, é preciso gostar, ser abnegado e ter consciência de que, vai enfrentar muitas dificuldades. Segundo, apesar do futebol ser empolgante, tem gente querendo se aproximar com segundas intenções, ou seja, fingem que se doam, porém vêm em busca de tirar proveito, e, quando observam que não é como eles pensam, larga tudo e desaparecem. È só vocês procurarem lembrar-se de algumas figurinhas que apareceram e que passaram de forma meteórica. Outro detalha para ilustrar o que afirmamos é que, investir no futebol profissional é muito perigoso. Senão vejamos: Fernando França, José Queiroz, Daniel Lino e Edson da Celt, todos comprometeram seus patrimônios e nunca tiveram, nem terão o retorno. Motinha, este faz ginástica para manter o patrimônio do Sergipe, muitas vezes recorrendo a agiotas. Então não é tão fácil administrar um clube de futebol.

4 - Por que as empresas não investem em nosso futebol?
F.P. A princípio pelo que coloquei na segunda resposta. Depois porque empresários buscam investir no que lhes ofereça retorno de preferência imediato, o que não é caso do nosso futebol, onde a visibilidade da marca ou do produto é pequena e termina desestimulando. Por fim. por não acreditar no projeto se é que existe, apresentado pelos dirigentes, fato que só aumenta a falta de credibilidade.

5- Por que ninguém apresentou candidatura para concorrer com Carivaldo Souza à presidência da FSF?
F.P. - É porque muitos falam e nada apresentam de forma concreta. Também porque não é tirando Carivaldo que resolveremos os problemas do nosso futebol. A mudança teria que ser geral, ou seja, vindo do primeiro escalão. Se não vejamos. Você tira o presidente da F.S.F. e deixa o da C.B.F. que é o responsável por todas as decisões e que, apesar de tudo que já se levantou de irregularidades, continua mandando (ou desmandando) no futebol Brasileiro, dirigindo de cima para baixo.

6 - Quais as ligações do futebol Sergipano com a política?
F.P. - Poucas ou quase nenhuma, ao não ser no interior, quando o prefeito investe no clube local, principalmente em ano de eleições. O futebol não pode conviver com a política partidária, os interesses são distintos. O futebol consegue trazer diversão, alegria e às vezes tristezas. A política partidária é tudo isso que vocês já sabem. A maioria só sabe legislar em causa própria e em busca de ficar rico de maneira fácil.

7 - Cite dois fatos positivos e negativos da administração do nosso futebol (leia-se FSF)?
F.P. - Primeiro: a recuperação moral e técnica do nosso Departamento de Árbitros, hoje inegavelmente um dos melhores do Brasil. È só observar que, em dois anos seguidos tivemos o melhor árbitro do País, fato que contrariou os poderosos do nosso futebol. Segundo: O relacionamento de José Carivaldo com a cúpula da CBF. Observem que a FSF conseguiu levar o Sergipe da terceira para a segunda divisão pela janela, além disso, todos os anos a CBF atendendo a Carivaldo, manda um grande clube brasileiro para enfrentar o nosso representante na Copa do Brasil, oferecendo-lhe a oportunidade de ganhar um bom dinheiro no primeiro jogo. Se fosse o contrário bastava a CBF nos enviar o campeão e vice de Alagoas ou da Paraíba. Poderes ela tem.

8 - Enquanto tempo teremos um representante sergipano na série B?
F.P. - Se não houver uma mudança drástica da nossa estrutura, a série B a cada dia se distancia do nosso futebol. Agora com o advento da TV cobrindo os jogos, é possível que os dirigentes busquem os meios necessários para uma melhor estrutura através de publicidade.

9 - Por que você não está participando das equipes esportivas de rádio nas transmissões do campeonato sergipano?
F.P. - Talvez alguns aspectos tenham me levado a desiludir-me com o rádio esportivo em termos de transmissões dos estádios, como por exemplo: o fato de estarmos na estrada há muitos anos, a forma como digo às coisas que devem ser ditas, sem mandar recados, estou me referindo ao relacionamento com algumas pessoas que fazem esporte no rádio, ou quem sabe por ser considerado ultrapassado. O certo é que fazer futebol no rádio é muito bonito e empolgante para quem ouve. No entanto, é muito difícil para quem o faz, que, quase sempre termina trabalhando de graça e muito estão aí ocupando espaço inclusive pagando para trabalhar. Isto ocorre com freqüência e com pessoas ditas famosas. Um dia posso até voltar, porém depois de um acerto sério.

10 - O que você achou do blogão futebol SE?
F.P. Gostei da idéia, pois defendo que a juventude pense, participe, opine e sugira, pois é em vocês que colocamos a esperança de que um dia as coisas mudem. Continuem firmes. Identificando as causas, pois só desta forma poderão atacar os efeitos. Muito obrigado pelo convite e desculpem se não conseguir dá as respostas como vocês desejavam. Abraços e estaremos sempre à disposição.